Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


ITAMAR FRANCO

 

        Sinto muito que tenha falecido o grande cidadão, ex-presidente Itamar Franco. Sinto-me também no dever de testemunhar parte da sua história por ter trabalhado dois anos como dirigente do MEC, em Brasília, durante o seu curto (1992 – 1994), mas, incontestavelmente, profícuo Governo. Foi quando aconteceu um feliz convívio com o Ministro Murílio Hingel e com o Presidente da FAE Iveraldo Lucena, período áureo do MEC e da então Fundação de Assistência ao Estudante, cuja parte dos seus serviços acumula, hoje, o FNDE. Itamar demonstrou, com seriedade e exigindo da sua competente equipe, que é possível, quando se é capaz, realizar muito em apenas dois anos. Há quem passe quatro, três, dois e nada fazem ou mais de um ano à espera do período eleitoral para pintar meio fio com cal... 
       O governo de Itamar, logo no seu início para dar a batida do bombo, redirecionou o país no rumo do desenvolvimento, criando o Plano Real, valorizando nossa moeda e dando a ela respeito internacional, como nunca havia sido feito.  Foi um governo isento de escândalos financeiros e prática de corrupção cujo uso, depois dele, voltou demasiadamente. Itamar jamais se rendeu à criminalidade de qualquer sorte. Quando aparecia “cheiro” ou fumaça de desonestidade, Itamar, implacável, demitia até quem sabia tudo e nada dizia. Sempre amou o que é nosso, caracterizando-se como um dos últimos presidentes nacionalistas. Lembremo-nos do incidente “provocado, assessorado e financiado pelos privatistas de plantão, na convenção do PMDB, depois de deprimentes cooptações através de suborno de delegados para impedir a sua candidatura”. Por trás disso, aqueles “que se apropriaram da Vale do Rio Doce por 3 bilhões, o que viria valer 303 bilhões”.        
      Não sou da opinião de que “só se fala de bem quando a pessoa morre”. Isto também ocorre, especialmente da parte de quem, impregnado pela inveja ou pelo mefistofélico espírito da “concorrência”, pressente sentimentos mesquinhos de que o morto não concorre mais, então pode ser elogiado... Porém, contradizendo a generalização, há quem se comporte de forma inversa e fale do morto como de uma joia perdida.  Aliás, quanto a Itamar, desde quando o conheci, falo de bem a seu respeito. Enfim, foi embora nosso Itamar. Lamento, consciente de que bons políticos também morrem. Poucos nascem, e muitos morrem! Parece até que são muito mais queridos no convívio da cidade divina do que no convívio da dos homens.

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Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 07/07/2011
Alterado em 04/08/2011


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