Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos



Eleição e Suas Escolhas
         
          Vi três fregueses escolhendo laranja no setor de frutas do supermercado. Logo me lembrei do amigo que reclamava que sua mulher comprava sem escolher, e no saco vinham várias laranjas podres. Daí, voltei a pensar que toda escolha exige um processo de comparação entre objetos talvez com as mesmas qualidades, mas que garantam, sobretudo, as finalidades desejadas.  Qualidades iguais? Talvez, mas que sejam mais ou menos semelhantes ou até diferentes, porém, condizentes com as mesmas finalidades a que se destina o objeto que se pretende escolher.  Contudo, as qualidades de qualquer coisa sempre, “in summa”, constituem a sua finalidade. Seria completamente ilógico alguém que precisasse de um sapato e estivesse a escolher um cinturão; são de couro, da mesma cor, às vezes, ambos com fivela, mas, com finalidades completamente diferentes...  Isso demonstra que a cada escolha deve preceder a necessidade do objeto a ser escolhido e que sua finalidade corresponda à necessidade que motiva a escolha.

          Essa escolha é usada quando o leitor está também comprando quiabos, tomates, óculos, carros, casas etc. Observa-se que, se essas coisas são joias, sapatos ou roupas, a compradora visita inúmeras lojas, refazendo comparações...  Se, para comprar maxixe, você compara os expostos no balcão da feira, por que não comparar para escolher coisas mais importantes na vida como um companheiro ou uma profissão de acordo com seu gosto vocacional?

          Eleição é uma escolha que não deve ser feita sem uma prévia comparação entre os candidatos. Escolher políticos exige uma comparação mais minuciosa do que a de quando você escolhe verduras; pois, essas pessoas que certamente se disponibilizam exercer função pública, mesmo as com abnegação e sem outros interesses, merecem ser mais bem escolhidas do que batatas, quiabos ou maxixes.  Afinal de contas, os eleitos vão influenciar na organização e funcionamento da cidade e, sobretudo, na vida dos seus cidadãos, das crianças e dos jovens, seus filhos.  A boa escolha dos que pleiteiam dirigir a cidade deve passar pelo crivo da comparação em relação à sua história, ao seu exemplo de cidadania, ao seu desempenho em funções já exercidas, à sua experiência, à sua capacidade e ao tirocínio de administrar a coisa pública com sinceridade e honestidade. Já advertia Shakespeare: “Entre maçãs podres, a margem de escolha é pequena”. Não é o nosso caso, nas próximas eleições, objetivamente comparando, a margem de escolha dará margem ao êxito.

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Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 02/08/2012
Alterado em 05/08/2012


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